Grupo usa a técnica do “teatro playback”, criada nos anos 70 nos Estados Unidos, para colocar o público frente a frente com as próprias memórias num espetáculo emocionante
A Companhia Re-Trato Playback Theatre fará no dia 13 de dezembro a última apresentação aberta de 2025, no Alfaiataria Espaço de Arte. A Re-Trato, com sede em Curitiba, é a segunda companhia mais antiga do país a atuar nessa modalidade teatral e uma das mais antigas do mundo em atuação contínua no Playback Theatre.
Também chamada no Brasil de Teatro Playback, a modalidade é um formato teatral de improviso na qual os atores encenam histórias pessoais contadas pela plateia. Busca promover a conexão entre as pessoas por meio dessas histórias, potencializadas pela cena, tratadas artisticamente como elementos de integração. Criado nos Estados Unidos em 1975, o Teatro Playback tem raízes no Psicodrama e possui um formato específico, já bem estabelecido, com grupos atuantes no mundo todo.
“O teatro playback é diferente de outras vertentes do teatro de improviso”, avisa a diretora da Companhia Re-Trato, Liziana Rodrigues. “Nosso propósito não é apenas o entretenimento, mas que o espectador enxergue no palco a sua própria vida e com isso possa ver aspectos que não tinha notado antes. A partir daí, pode haver riso, pode haver choro, saudade, raiva… São muitos os sentimentos envolvidos.”
“O teatro playback tem raízes no Psicodrama”, explica Tomás Eon Barreiros, playbacker da Companhia Re-Trato, referindo-se à vertente da psicoterapia calcada na representação dramática. “Na prática, é um tipo de catarse, tudo feito com arte. As apresentações costumam ser bem emocionantes. Voluntários na plateia contam e revivem suas memórias ao vê-las encenadas no palco.”
Na linguagem do teatro playback, a pessoa que comanda a apresentação é chamada de condutora. Isso porque compete a ela fazer uma breve entrevista com os espectadores voluntários na plateia, a fim de investigar mais a fundo as histórias que eles querem contar e dar suporte aos atores. Quem conta voluntariamente as histórias não participa da encenação, mas tem o privilégio de ver sua história no palco. “Eu faço a colheita da história até encontrar sua essência”, diz Liziana. “Se você me contar que bateu o carro e ficou com medo, esse medo é a essência do que você está dizendo.”
Os relatos podem ir de um simples tropeço no meio da rua até narrativas envolvendo violência e morte. “Frequentemente, as pessoas conseguem entender por que fizeram determinada coisa, ou por que determinada coisa aconteceu.”
No palco, os demais integrantes da Companhia – que conta ainda com um músico que improvisa a trilha sonora – aguardam no palco, com um figurino criado especialmente para a Cia. Re-Trato, auxiliados apenas por alguns caixotes de madeira e tecidos coloridos, para montarem no momento o cenário. “O ator fica em um estado de prontidão permanente. É preciso ter grande versatilidade”, observa Barreiros.
“Cria-se uma relação profunda do público com os playbackers”, completa a atriz Izabela Zampier. “Para mim, estar ali, disponível para contar as histórias das pessoas, é o que há de mais sagrado. Eu me emociono muito.”
Barreiros concorda e diz que tudo vale a pena. “O playback theatre deveria estar em todos os lugares, o tempo todo. É um teatro de vizinhos, um teatro da comunidade. Tem o efeito de fortalecer os laços e cicatrizar algumas feridas, que todos nós temos.”
SERVIÇO
O quê: Apresentação da Cia. Re-Trato Playback Theatre
Quando: 13/12/2025 às 20 horas
Onde: Alfaiataria Espaço de Arte (Rua Riachuelo, 274, Centro, Curitiba-PR)
Quanto: R$ 45 (ingressos disponíveis na Plataforma Sympla com o título “Espetáculo de Teatro Playback da Cia Re-Trato”)
